O interesse pela manipulação genética existe desde o século XIX, quando os cientistas começaram a estudar as potencialidades da reprodução assexuada. Nas décadas de 50 e 60 foi conhecida a estrutura do DNA, claro que a manipulação genética, apesar das dificuldades encontradas, estava apenas no início.
A discussão dos transgénicos ganhou força internacionalmente na conferência sobre a fome, realizada em Roma no ano de 1967. O evento, apoiado pela Organização das Nações Unidas, foi agitado com a declaração da FAO (Food and Agriculture Organization) sobre a futura incapacidade mundial de produção de alimentos a nível mundial. A FAO argumentava que a baixa produtividade dos solos, o aumento das pragas, a falta de tecnologia de produção de sementes ou a fertilização inadequada seriam os principais motivos de escassez alimentar.
Aproveitando novas perspectivas de mercado, as empresas começaram a patrocinar pesquisas na área da Biotecnologia, iniciando assim as pesquisas sobre os alimentos transgénicos.
Grande parte das pesquisas efectuadas teve lugar em solo americano. No início das pesquisas, a Europa não acreditava no avanço da biotecnologia, facto que condicionou o investimento nesta área. Actualmente, verifica-se uma maior liberalização tanto na produção como na investigação de OGM's em solo americano. Contrariamente à política americana sobre os transgénicos, a Europa possui regras severas para a produção e comercialização dos OGM's.
A importância dos conhecimentos de genética e de tecnologia na nossa sociedade é cada vez maior, sendo crescente o seu potencial em diversas áreas de interesse público, tais como a saúde e a nutrição.
Foi nos anos 90 que pela primeira vez se introduziu no mercado dos Estados Unidos da América um alimento transgénico. Desde aí, a investigação, produção e comercialização desse tipo produtos têm vindo a aumentar consideravelmente. Hoje em dia 4% do total de terra cultivável no mundo é ocupado por variedades transgénicas de espécies agrícolas como o milho, a soja, o açúcar, a batata, e o arroz.
Desde sempre a selecção e melhoramento tradicional das plantas permitiram a transferência ao acaso de genes, resultante na transmissão de características tanto benéficas como prejudiciais ao consumo e produção. Por outro lado, nos dias de hoje, os cientistas sabem o que querem melhorar e o que deverá ser modificado nos genomas de modo a que uma dada espécie apresente mais vantagens para o Homem, nomeadamente ao nível nutritivo.
Os organismos geneticamente modificados mais comuns são as plantas. Porém a tecnologia é capaz de "tratar" todas as formas de vida, desde animais de estimação que brilham no escuro, a bactérias que formam um bloqueio ao vírus do HIV, passando por porcos que têm genes de espinafres ou por cabras que produzem seda como a das aranhas.
O impacto na saúde pública
Ao longo do desenvolvimento na investigação e nutrição humana, tornou-se evidente a relação entre composição química dos alimentos e o bem-estar e saúde pública.
Como tal, surge então, o fundamento da engenharia genética, a partir do reconhecimento das funções dos vários nutrientes, vitaminas e sais minerais no desenvolvimento de muitas doenças comuns nos países desenvolvidos, como cancro, doenças cardiovasculares, condições inflamatórias e doenças neurológicas. Também a subnutrição nos países subdesenvolvidos que causam a maior taxa de mortalidade e morbilidade nas suas populações gerou uma procura ao melhoramento nutricional nas espécies agrícolas utilizadas, e é desta forma um objectivo à muito ansiado pelo Homem.
Assim, os alimentos transgénicos podem ser a forma de alcançar este objectivo, uma vez já ser possível induzir uma dada espécie a produzir algo que originalmente é produzido por outra.
Por outro lado, é da opinião geral dos investigadores, que não existe risco zero no que respeita aos transgénicos. Um dos principais riscos da modificação do código genético em organismos, é a produção de novas proteínas alérgicas ou de substâncias tóxicas não identificadas em testes preliminares. Por exemplo, em 1989, nos Estados Unidos, 37 pessoas acabaram por falecer e outras 1500 ficaram inválidas devido à ingestão de um complemento com triptofano produzido por bactérias transgénicas que desenvolveram a síndrome de eosinfilia-mialgia. Os testes realizados previamente haviam demonstrado "equivalência substancial", ou similaridade na composição do produto não transgénico. O problema é que os engenheiros genéticos não previam que, a alteração genética nas bactérias, fizessem com que estas começassem a produzir um novo aminoácido extremamente tóxico, como ocorreu.
Para além disto, há quem defenda que existem outros riscos relativos a alimentos derivados de plantações transgénicas que ainda não foram comprovados cientificamente, como por exemplo, a possibilidade dos vegetais modificados que utilizem genes marcadores de resistência a antibióticos, transmitirem essa características a microrganismos patológicos aos consumidores.
Podemos considerar um alimento seguro à saúde humana, aquele que não causar nenhum mal em quantidades consideradas normais, e depois do seu processamento.
Actualmente, os critérios usados na determinação de riscos potenciais na aceitação de um OGM, por instituições internacionais tais como a Organização Mundial de Saúde (OMS), baseiam-se na equivalência substancial, como já foi referido. São considerados equivalentes os alimentos que comparados com o alimento convencional se aproximem deste o mais possível. Aí poderão ser validados tão seguros como o original.
Os alimentos transgénicos podem também desencadear reacções alérgicas, uma causa de grande preocupação para a população. Para além disso, a inserção de genes em determinados locais do genoma pode activar oncogenes, responsáveis pelo aparecimento de cancros e tumores.
Os critérios valorizados na aprovação dos OGM são, portanto, o potencial alergénico, a toxicidade, a degistibilidade e risco teratogénico (factor cancerígeno).
Em suma, os aspectos mais debatidos sobre estes problemas são a tendência de provocar reacção alérgica, a transferência do gene e a mutação externa.
Os alimentos transgénicos são já consumidos nos Estados Unidos, Canadá, Argentina, além de vários outros países.
Fonte : http://www.medicosdeportugal.iol.pt/action/2/cnt_id/1301/
http://www.transgenicos.pt.vu/
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