Um estudo do Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília alerta para a possibilidade de contaminação, durante a gestação e amamentação, de bebes cujas mães tenham ingerido alimentos contaminados com DDT (um famoso pesticida usado em cultivos agrícolas e no combate a doenças tropicais, como a malária). O trabalho apresentado reuniu resultados de dez anos de pesquisas sobre contaminação tóxica por substâncias químicas provenientes de pesticidas. O uso do DDT já foi proibido no mundo inteiro, após a comprovação de que possui níveis inseguros de toxicidade.
Os xenoestrogénios, substâncias químicas sintéticas e estáveis presentes nos poluentes orgânicos, não se degradam com facilidade e acumulam-se em animais e especialmente em humanos no topo da cadeia alimentar. Essas substâncias ganharam recentemente o nome de desreguladores endócrinos.
“Os desreguladores endócrinos mudam a constituição neuroquímica do ser humano e são capazes de provocar alterações morfofisiológicas”,
Explica o autor do estudo, o bioquímico José Garrofe Dórea.
Apesar dos pesticidas organoclorados (compostos orgânicos com um ou mais átomos de cloro), como o DDT, serem usados em cultivos agrícolas, são os animais que sofrem com estes, devido a facilidade que estas substâncias têm em acumularem-se ao entrarem em contacto com estes. Quanto mais próximo do topo da cadeia alimentar, maior o nível de contaminação do animal. Herbívoros como vacas e ovelhas, usados para a produção de leite e carne vendidos na indústria, são alimentados com ração de origem animal nos criadouros. Se a ração estiver contaminada, o resíduo tóxico irá passar adiante, até chegar ao corpo humano.
As pesquisas indicam que substâncias químicas perigosas são transmitidas para os recém-nascidos através da placenta e da glândula mamária. Além disso, estudos já comprovaram que o leite materno de mulheres vegetarianas contém menos substâncias tóxicas do que o de mães não vegetarianas.
Consequências desse tipo de contaminação já foram comprovadas em animais, como o nascimento de girinos com o número de membros alterado ou mudanças na percentagem de indivíduos machos e fêmeas em algumas espécies.
Em seres humanos, os efeitos secundários ainda não foram plenamente estudados. Estes pesticidas aparecem na forma de misturas, cujos componentes causam reacções imprevisíveis.
Estudos epidemiológicos já apontam para a aparição de doenças ligadas à contaminação por pesticidas na Europa. Outros relacionam a grande exposição a essas substâncias com alterações na idade da primeira menstruação entre s as raparigas e com o aumento da inversão do comportamento típico de um género entre crianças (interesse dos rapazes por coisas femininas e vice-versa).
“Apesar da proibição do DDT no mundo, este ainda é utilizado, principalmente nos países em desenvolvimento. Visto ainda não haver uma solução tão eficiente para a erradicação da malária, como este pesticida”, diz Dórea.
“O que a sociedade pode e precisa fazer é exercer melhor um controle sobre os seus produtos industriais antes de adoptar soluções radicais que comprometam o controlo de doenças tropicais endémicas.”
Reflexão pessoal: Na minha opinião estudos como este tornam-se muitos importantes. Uma vez que a sociedade actual cada vez mais procura soluções para as suas cultivações, através de pesticidas, alteração do genoma de um organismo de forma a molda-lo da forma desejada, como é o caso dos transgénicos, põem muitas vezes em risco a saúde pública. Todos estes tipos de práticas agrícolas acarretam efeitos colaterais cujas consequências muitas vezes não são devidamente estudadas nem conhecidas, deste modo estudos como estes que investigam estas substâncias e o modo como nos podem afectar no decorrer do tempo permitem-nos fazer uma selecção do que realmente podemos ingerir ou não de forma a não por em causa a nossa saúde.
No caso que nos é apresentado, esta substancia o DDT, de facto tem uma grande vantagem, é um eficiente modo do combate á malária e a outras doenças tropicais, mas esta vantagens é largamente ultrapassada pelos inúmeros efeitos secundários prejudiciais á nossa saúde.
Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/61317
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